sexta-feira, 28 de março de 2014

Os Maias - Episódio das Corridas de Cavalos

Objetivos

Novo contacto de Carlos com a sociedade de Lisboa, incluindo o próprio rei.
Visão panorâmica da sociedade lisboeta (masculina e feminina) sob o olhar crítico de Carlos.
Tentativa frustrada de igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris.
Criticar o cosmopolitismo postiço da sociedade;
Possibilidade de Carlos encontrar novamente a mulher que viu à entrada do Hotel Central.




Caracterização do ambiente geral


Largo de Belém


tosca guarita de madeira, armada de véspera -> improvisação;
monotonia;
tristeza e silêncio;
pasmaceira (o trabalhador com o filho ao colo e a mulher);
desinteresse (o garoto apregoando o programa das corridas que ninguém compra, a mulher da água fresca sentando-se na sombra a catar o filho);
o trintanário que fora comprar o bilhete de Craft demora-se em discussão com o bilheteiro, que não tem troco de uma libra; Craft apeia-se para ir resolver o problema e é insultado;
as pessoas em trajes domingueiros;
traços realistas: a descrição do calor, do colorido, dos sons e dos costumes de uma cidade estagnada.

falta de motivação e entusiasmo pelo fenómeno desportivo em causa;
provincianismo.
Entrada do hipódromo


«... abertura escalavrada num muro de quintarola...»;
primeira desordem / discussão:

motivo: um sujeito queria entrar sem pagar a carruagem, porque o sr. Savedra lho tinha prometido;
o engarrafamento de dog-carts e caleches de praça;
os insultos dos ocupantes;
a intervenção deselegante da polícia;
o grande rebuliço e a poeirada;



. falta de organização
. pelintrice
. falta de educação
. provincianismo



Descrição do hipódromo


situado numa colina, sob a aragem vinda do rio, provoca uma sensação de frescura e paz;
a gente apinhada;
as precárias condições das tribunas e do espaço envolvente:

a tribuna real forrada de uma baetão vermelho de mesa de repartição;
as tribunas públicas com o feitio de traves mal pregadas - o hipódromo parecia um palanque de arraial - mal pintadas e com fendas;
o recinto da tribuna fechado por um tapume de madeira;

as pessoas não sabem ocupar os seus lugares: «... havia uma fila de senhoras quase todas de escuro encostadas ao rebordo, outras espalhadas pelos primeiros degraus; e o resto das bancadas permanecia deserto e desconsolado...»;

. a improvisação
. o remendo apressado
. a iniciativa sem base sólida
. os retoques sem gosto

Durante as corridas:


fuma-se e fala-se baixo -> falta de à-vontade;
as pessoas pasmam -> pasmaceira;
dois brasileiros queixam-se do preço dos bilhetes e consideram as corridas uma «sensaboria de rachar»;
a chegada do rei é saudada com o «Hino da Carta».

Descrição do bufete:


instalado debaixo da tribuna;
pobreza: «... o tabuado nu, sem sobrado, sem um ornato, sem uma flor.» - assemelha-se a uma taberna;
falta de higiene e aspeto nojento: «... dois criados, estonteados e sujos, achatavam à pressa as fatias de sanduíches com as mãos húmidas da espuma da cerveja.»;
a animação fictícia, com hurras a Clifford e a Carlos.

As corridas

1.ª corrida: a do 1.º Prémio dos «Produtos»:

  • os dois cavalos «passavam num galope sereno»;
  • os assistentes não sabem quem ganhou e, mal a corrida termina, regressam ao silêncio, à lassidão e ao desapontamento;
  • o desinteresse pela corrida confirma-se na atitude dos que se encontram de costas voltadas para a pista, fumando e contemplando as mulheres;
  • o provincianismo bacoco dos homens que ficam parados e embasbacados a admirar Clifford;
  • a ausência de apostas;
  • a falta de autoridade e de respeito para com o rei, cuja proximidade não impede a desordem;
A corrida termina com uma cena de insultos e pancadaria por causa de uma burla (segunda desordem):


  • quebra do verniz de civilização e requinte social que a sociedade pretendia ostentar,deixando emergir o provincianismo;
  • grande incultura e grosseria;
  • inadequação do ambiente cosmopolita das corridas à vivência social portuguesa;


«Isto é um país que só suporta hortas e arraiais...»;
«Corridas, como muitas outras coisas civilizadas lá de fora, necessitam primeiro gente educada.»;
«Do que gostamos é de vinhaça, e viola, e bordoada...».

SER =/= PARECER
(provinciano) (civilizado)
«Aquela corrida insípida, sem cavalos, sem jóqueis, com meia dúzia
de pessoas a bocejar em roda...»
«... tudo aquilo era uma intrujice...»
porque era «... um divertimento que não estava nos hábitos do país.»

2.ª corrida: a do Grande Prémio Nacional:

Alguns sujeitos examinam o «Rabino», «com o olho sério, afetando entender», entre os quais se einclui Carlos, que também admira o cavalo, mas nota-lhe o peito estreito;
finalmente, aposta-se:

  • estão quatro cavalos inscritos na corrida;
  • o favorito é o «Rabino» e todos querem tirar o bilhete deste;
  • Carlos, por «divertimento» («... gostara da cabeça ligeira do potro, do seu peito largo e fundo...») e «... para animar mais aquele recanto da tribuna, ver brilhar gulosamente os olhos interesseiros das mulheres.», decide apostar tudo em «Vladimiro», apesar do potro ir em último lugar na corrida;
  • todos os outros decidem apostar contra Carlos, procurando «aproveitar-se daquela fantasia de homem rico...»;
  • contra todas as expectativas, «Vladimiro» vence «Minhoto» por duas cabeças, o que permite a Carlos ganhar a poule e provoca a irritação dos restantes, que perderam;


Finalizada a corrida, o torpor volta a instalar-se enquanto as pessoas se dispersam:

«Mas uma indiferença, um tédio lento, ia pesando outra vez, desconsoladoramente...»;
os rapazes bocejavam, com um ar exausto;
a música desanimada;
«As senhoras tinham retomado a imobilidade melancólica...»;
«E sujeitos, de mãos atrás das costas, pasmavam...».

Conclusões - Intenção crítica de Eça:


O oportunismo e a cupidez dos que se pretendem aproveitar de Carlos apostar no cavalo menos favorito;
o desejo português de ser o primeiro em tudo;
a tendência de as pessoas se aperceberem do que é óbvio e de secolarem ao vencedor, evidenciada pelo facto de mesmo os que não haviam apostado no «Minhoto» o aplaudirem, pois esperavam que fosse ele o vencedor;
o patriotismo provinciano que vê em jogo, numa corrida de cavalos, o prestígio do nosso país: como «Minhoto» era um cavalo português, a sua vitória seria um ato patriótico;
o cansaço rápido que se apodera de nós e que permite que outros venham, de seguida, colher o fruto do nosso esforço desordenado: o jóquei inglês deixou primeiro que «Minhoto» se cansasse, para depois o vencer facilmente;
o não saber perder, patente na reação das personagens quando o cavalo em que apostaram perdeu:


«... o adido italiano (...) empalideceu...»;
«... atiravam-lhe com um ar amuado as apostas perdidas...»;
«... a vasta ministra da Baviera, furiosa...»;
«... o secretário lento e silencioso...».
. 3.ª corrida: a do Prémio de El-Rei → um cavalo solitário atravessa a meta, sem se apressar, num galope pacato, e só muito tempo depois chega um outro cavalo, uma pileca branca arquejando, num esforço doloroso, numa altura em que o jóquei do cavalo vencedor se encontrava já a conversar com os amigos, encostado à corda da pista.

4.ª corrida: a do Prémio da Consolação:
todo o interesse fictício desaparecera e regressa a indiferença geral;
junto à meta, um dos cavaleiros caíra;
já à saída, o Vargas, bêbedo, esmurrara um criado de bufete → «... tudo é bom quando acaba bem.».
2.7. As personagens

2.7.1. Os jóqueis:
. 1.ª corrida:
-» o Pinheiro - montava o «Escocês»
-» um sujeito - montava o «Júpiter»
. 2.ª corrida:
-» um jóquei - montava o «Rabino»
-» um jóquei espanhol - montava o «Minhoto»
-» um jóquei inglês - montava o «Vladimiro»
. 3.ª corrida:
-» um gentleman - montava um cavalo
-» um jóquei roxo e preto - montava uma pileca
. 4.ª corrida:
-» jóqueis sem identificação

2.7.2. Os homens


O Visconde de Darque:


Dono do «Rabino», o favorito, considera a sua participação um sacrifício;
«... não podia apresentar um cavalo decente, com as suas cores, senão daí a quatro anos»;
não apurava cavalos para «aquela melancolia de Belém», para aquele «horror»;
quando há qualquer problema ou dúvida, requisitam-no de imediato: «Eu sou o dicionário...».

El-Rei: sorridente.
Alencar:

elegantemente vestido;
sempre cortês e bem penteado nesse dia, beija fidalgamente a mão de D. Maria da Cunha;
encontra nas corridas «... um certo ar de elegância, um perfume de corte...».

O barão de Craben, pequenino, aos pulinhos.
Craft, que apresenta Clifford a Carlos.
Sequeira:

«... entalado numa sobrecasaca curta que o fazia mais atarracado, de chapéu branco...»;
considera uma «sensaboria» «... aquela corrida insípida, sem cavalos, sem jóqueis, com meia dúzia de pessoas a bocejar em toda...», «... um divertimento que não estava nos hábitos do país...».

Clifford: «... parecia achar tudo aquilo ignóbil...», acabando por retirar a «Mist».
Steinbroken: aposta sem conhecer os cavalos.
Conde de Gouvarinho e os seus dislates e ignorância: «... todos os requintes da civilização se aclimatavam bem em Portugal.»; «O nosso solo (...) é um solo abençoado!».
Teles da Gama, encarregado de organizar as apostas.
Eusebiozinho, acompanhado pela Concha e pela Carmen.
Dâmaso:

o seu «chique a valer»;
a gabarolice, a falta de educação e de respeito para com as mulheres, traduzida numa linguagem rude: «... tinha estado (...) com uma gaja divina...»;
a queixa da troça que o seu véu provocara.
2.7.3. As mulheres


Em geral

as que vêm no High Life dos jornais
as dos camarotes de S. Carlos
as das terças-feiras dos Gouvarinhos




não sabem ocupar os seus lugares
vestem-se ridiculamente de escuro («vestidos sérios de missa»)
peles murchas, gastas e moles

«... canteirinho de camélias meladas...»



Em particular

As duas irmãs do Taveira (diminutivos irónicos):

  • magrinhas;
  • loirinhas;
  • corretamente vestidas.


A viscondessa de Alvim: nédia e branca.

Joaninha Vilar

cada vez mais cheia e com um quebranto cada vez mais doce no olhar;
lânguida, parece oferecer o seu «apetitoso peito de rola!».


As Pedrosos, banqueiras, interessando-se pelas corridas.
Condessa de Soutal: desarranjada, com lama nas saias.
D. Maria da Cunha:

desenvolta, ousada, foi a única com atrevimento suficiente para se vir sentar junto dos homens, porque «... não aturava a seca de estar lá em cima perfilada, à espera da passagem do Senhor dos Passos.»;
bela, apesar da idade;
muito à vontade, era a única a divertir-se;
considera ridículo o «Hino da Carta», porque dá às corridas um ar de arraial;
casamenteira, apresenta Alencar à sua amiga Concha e, depois, procura aproximar ainda mais Carlos e a condessa.


A menina Sá Videira

petulante e pretensiosa;
filha de um rico negociante de sapatos de ourelo;
abonecada;
«... com o arzinho petulante e enojado...»;
«... falando alto inglês...».


A ministra da Baviera, a baronesa Craben

«... enorme, empavoada...»;
muito gorda: «... com um gluglu grosso de peru...»; «... feitio de barrica, deixando sair o sebo por todas as costuras do vestido (...)»; «... a insolente baleia!»;
altiva, insolente e sobranceira.


A Condessa de Gouvarinho

elegantemente vestida;
sensual e audaz;
é admirada por vários homens;
no dia seguinte, partirá para o Porto para comemorar o aniversário do pai e quer que Carlos a acompanhe, congeminando um plano para levar a cabo os seus intentos.
Em suma, neste episódio, o narrador critica e caricatura uma sociedade que aplaude a organização das corridas na sua ânsia de imitar o que de melhor há «lá fora», sobretudo em Paris, modelo de civilização. Porém, como em Portugal não havia a tradição nem o hábito de realização de tais eventos, em vez de um grande acontecimento mundano, assistimos a um grande fiasco, a mais uma manifestação do gosto pela aparência e pelo postiço, em detrimento daquilo que seja autêntica e genuinamente português.
Os alvos visados por Eça de Queirós são, basicamente, dois:


A Monarquia, pela falta de autoridade que o Rei demonstra, pois a sua presença não consegue impedir as várias desordens;
a alta sociedade lisboeta:

a incivilização;
o fracasso total dos objetivos da corrida;
a falta de decoro e de educação;
a incultura;
a grosseria;
o desinteresse;
o caráter mimético;
a improvisação;
o atraso generalizado;
o provincianismo: a organização das corridas, que pretendia emprestar-lhes um toque de civilização, acaba por pôr a nu o quanto há de postiço e de reles no decoro solene da assistência:

«... desmanchando a linha postiça de civilização e a atitude forçada de decoro...»;
a «... massa tumultuosa (...) empurrando-se contra as escadas da tribuna real, onde um ajudante de el-rei, reluzente de agulhetas e em cabelo, olhava tranquilamente...»;
os gritos de «Fora! Fora!», «ordem» e «morra»;
a reação agressiva do Vargas;
a fuga espavorida das «... senhoras com as saias apanhadas...».

Os Maias - Episodio Hotel Central


Resumo do Episódio


Carlos e Craft encontram-se no peristilo do Hotel Central, antes do jantar, quando vêm chegar uma deslumbrante mulher. Subiram até um gabinete, onde Carlos foi apresentado a Dâmaso, este conhecia aquela mulher, pertencia à família Castro Gomes. Dâmaso falava sobre a sua preferência por Paris, “aquilo é que é terra”, até lá tinha um tio, o tio Guimarães, quando apareceu “o nosso poeta”, Tomás de Alencar. Por intermédio de Ega foi apresentado a Carlos.

Pouco tempo depois, porta abriu-se e Cohen desculpando-se pelo atraso foi apresentado, por Ega, a Carlos.

Deu-se início ao jantar, com ostras e vinho, falava-se do crime da Mouraria, que “parecia a Carlos merecer um estudo, um romance”. Isto levou a que se falasse do Realismo. Alencar suplicou que se não discutisse “literatura «latrinária»”, [...] que se não mencionasse o «excremento»”.

“Pobre Alencar!” Homem que tivera em tempos uma vida carregada de adultérios, tornava-se agora num defensor da Moral, no entanto a sociedade não o ouvia, via-se apenas confrontado com ideias absurdas defendidas pelos Naturalistas/Realistas.

Carlos posiciona-se na conversa contra o realismo. Ega reage às críticas e defende arduamente os princípios do Realismo. Cohen mantinha-se superior a esta conversa, vendo isto, Ega muda de assunto. “Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá... O empréstimo faz-se ou não se faz?” ao que Cohen respondeu ser imprescindível, pois o empréstimo constituía uma fonte de receita, aliás a “única ocupação mesmo dos ministérios era esta – «cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo».

Do ponto de vista de Carlos, assim o “país ia alegremente e lindamente para a bancarrota”. Cohen concordava, mas isso era inevitável. Por oposição, Ega defende que o que convinha a Portugal era uma revolução, para eliminar “a monarquia que lhe representa o «calote», e com ela o crasso pessoal do constitucionalismo.”

Ega imbatível, aposta numa invasão espanhola, deste modo recomeçava-se “uma história nova, um outro Portugal, um Portugal sério e inteligente, forte e decente, estudado, pensado e fazendo civilizações como outrora...”. Os restantes já planeavam a resistência, porém Alencar era um “patriota è antiga”, totalmente contra esta ideia.

Esquecida a bancarrota, a invasão e a pátria, o jantar estava prestes a terminar, quando Alencar e Ega entraram em conflituo a propósito da poesia moderna de Simão Craveiro. Mas Cohen chama a atenção de Ega e ambos fazem as pazes e brindam com um copo de champanhe, esquecendo o que aconteceu.

Terminou assim, com bom censo, o episódio do Jantar no Hotel Central!




Integração do episódio na estrutura da obra


O jantar no Hotel Central, integrado no capítulo VI, insere-se na acção principal e deste modo identifica-se como um episódio da crónica de costumes.

Marcado, pelo aparecimento de uma admirável mulher (Maria Eduarda) que despertou a Carlos grande interesse. Foi para este o primeiro jantar de apresentação à sociedade lisboeta. Deste modo, deram entrada as principais figuras e os principais problemas da vida política, social e cultural da alta sociedade lisboeta. 





Fonte: http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/osmaiasjantarhotelcentral2.htm

sexta-feira, 21 de março de 2014

Os Maias - Ação Secundária

Na intriga secundária temos:
A história de Afonso da Maia - época de reacção do Liberalismo ao Absolutismo;
A história de Pedro da Maia e Maria Monforte - época de instauração do Liberalismo e consequentes contradições internas;
A história da infância e juventude de Carlos da Maia - época de decadência das experiências Liberais.




























http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/portugues/11_os_maias_passeio_final_d.htm

Os Maias - Os Elementos Simbólicos

Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos.

Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-se a ironia em forma de presságio.

No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância "da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício" demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal.

Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a decoração cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega. Tal como o país, também eles caíram no "vencidismo".

No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo como Eça via o país, em plena crise do regime.

O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua presença obscura na quintal é uma vaga premonição da tragédia. Ela marca o início e o fim da acção principal.

No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs.

Também o armário do salão nobre da Toca, tem uma simbologia trágica. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os trofeus agrícolas o trabalho: qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia). Os dois faunos simbolizam os dois amantes numa atitude hedonista e desprezadora de tudo e todos. No final um partiu o seu pé de cabra e o outro a flauta bucólica, pormenor que parece simbolizar o desafio sacrílego dos faunos a tudo quanto era excelso e sublimado na tradição dos antepassados.

No final, a estátua de Camões é o símbolo da nostalgia do passado mais recuado.

Não é difícil lermos o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem; tudo tem um carácter funéreo. O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família.

A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.

A Toca é o nome dado à habitação de certos animais, o que, desde logo, parece simbolizar o carácter animalesco do relacionamento de Carlos e Maria Eduarda. Na primeira vez que lá vão, Carlos introduz a chave no portão com todo o prazer, o que sugere o poder e o prazer das relações incestuosas; da Segunda vez ambos a experimentam - a chave torna-se, portanto, o símbolo da mútua aceitação e entrega.

Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o carácter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs.

Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a cor vermelha tem um carácter duplo, Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho feminino, despertam a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é, portanto, o símbolo da paixão excessiva e destruidora.

O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a dimensão essencialmente carnal e efémera dos encontros de amor de Ega e Raquel Cohen

O tom dourado está também presente, indicando a paixão ardente; anunciando a velhice (o Outono), a proximidade da morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma paixão possessiva e destruidora.

Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto, vida e morte, o divino e o humano, a aparência e a realidade, a força que se torna fraqueza.

Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função claramente pressagiosa da tragédia.



Fonte: http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/maias_simbolismo.html

Os Maias - Ação Principal

Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos e Maria Eduarda que terminam com a desagregação da família.

Carlos é o protagonista da intriga principal.

Teve uma educação à inglesa e tirou o curso de medicina em Coimbra.

A educação de Maria Eduarda foi completamente diferente, donde se conclui que a sua paixão não foi condicionada pela educação, nem pela hereditariedade, nem pelo meio.

A sua ligação amorosa foi comandada à distância por uma entidade que se denomina destino.

Os Maias - Geração 70

Assim se designa o grupo de jovens intelectuais portugueses que, primeiro em Coimbra e depois em Lisboa,manifestaram um descontentamento com o estado da cultura e das instituições nacionais. O grupo fez-se notar a partir de 1865, tendo Antero de Quental como figura de proa e de maior profundidade reflexiva, e integrando ainda literatos como Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Jaime Batalha Reis e Guilherme de Azevedo. Juntos ou, como sucedeu mais tarde, trilhandocaminhos de certa forma divergentes, estes homens marcaram a cultura portuguesa até ao virar do século(se não mesmo até à República), na literatura e na crítica literária, na historiografia, no ensaísmo e napolítica.Os homens da Geração de 70 tiveram possibilidade e, sobretudo, apetência de contacto com acultura mais avançada da Europa como não se via em Portugal desde o tempo da formação de um Garrett ede um Herculano. Puderam, pois, aperceber-se da diferença que havia entre o estado das ciências, dasartes, da filosofia e das próprias formas de organização social no país e em nações como a Inglaterra, aFrança ou a Alemanha. Em consequência, esta juventude cosmopolita nas leituras, liberal e progressistanão se revia nos formalismos estéticos que grassavam nem naquilo que consideravam ser a estagnaçãosocial, institucional, económica e cultural a que assistiam.O seu inconformismo havia de se manifestar emdiversas ocasiões, com repercussões públicas dignas de registo. Em 1865 é despoletada a chamadaQuestão Coimbrã, que opôs o grupo, a pretexto de uma obra literária de mérito discutível, aoultrarromantismo instalado que António Feliciano de Castilho personificava. Travou-se uma acesa polémica,à qual subjaziam grandes diferenças ao nível das referências estéticas mas também ideológicas. O gruporeunir-se-ia depois na capital, formando o Cenáculo, e em 1871 organizou as Conferências Democráticas doCasino Lisbonense, com as quais chamou definitivamente a atenção da sociedade.Nos anos seguintes,embora a atitude de crítica e de intervenção cultural e política se mantivesse, os membros do grupo foram definindo caminhos pessoais independentes, ora dedicando-se mais a umas atividades, ora a outras. 


Antero suicidou-se em 1891, e dir-se-ia que esse gesto simboliza o destino destes homens a caminho do final do século, em desilusão progressiva com o país e o sentido das suas próprias vidas.


Os Maias - Caracterição das Personagens

As personagens intervenientes na acção de "Os Maias" são cerca de 60. É, portanto, impossível e desnecessário fazer a análise de todas elas. Cingimo-nos às personagens principais e algumas personagens planas ou tipo que consideramos importantes para o desenrolar da acção.

Personagens Centrais:



Personagens Planas e/ou Tipo:


Eça utiliza dois tipos de caracterização das suas personagens: a caracterização directa e a caracterização indirecta. A primeira é usada de forma privilegiada para todas as personagens à excepção de Carlos. Destaca-se a heterocaracterização naturalista de Pedro da Maia e a autocaracterização mista de Maria Eduarda. A caracterização indirecta é utilizada para a personagem Carlos da Maia, do qual apenas se apresentam, inicialmente, pequenos traços físicos, deixando que as suas acções demonstrem a sua personalidade.





Fonte: http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/maias_personagens.html

Os Maias - Situações Satíricas que critiquem a sociedade atual

Sátira

É uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema (indivíduos, organizações, estados), geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objectivo de provocar ou evitar uma mudança. O adjectivo satírico refere-se ao autor da sátira.


Técnicas satíricas mais utilizadas                                                    



  • Diminuição - Reduz o tamanho ou grandeza de algo de forma a tornar a aparência ridícula ou de forma a fazer sobressair os defeitos criticados. Por exemplo, quando alguém, num discurso político, decide chamar "bando de garotos" aos membros de outro partido, usa a diminuição. A primeira parte de As Viagens de Gulliver, passada na ilha fictícia de Liliput, é também uma sátira diminutiva. 

  • Inflação - Quando se exagera, aumentando, algum aspecto da coisa satirizada. Tal como a diminuição, é uma forma de hipérbole (negativa no primeiro caso, positiva, no segundo). O exagero das dimensões de algo serve também para acentuar os defeitos daquilo que se pretende satirizar. Como exemplo desta técnica, podemos considerar a obra de Alexander Pope, The Rape of the Lock. 

  • Justaposição - Coloca ao mesmo nível coisas de importância desigual, de forma a rebaixar algumas, supostamente "elevadas" ao nível de outras consideradas menos nobres. Por exemplo, quando alguém diz que as suas disciplinas preferidas na escola são Cálculo Diferencial, Física e "micar as gajas" (expressão usada, no calão, em Portugal, e que significa: olhar para as garotas), estará a colocar as disciplinas científicas, supostamente mais elevadas e edificantes, ao mesmo nível de um passatempo que apela a instintos mais básicos.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Os Maias - Caricaturas de Rafael Bordálo


Os Maias - Realismo na Literatura, na pintura e na música

Na literatura:
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.

Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert.



Na pintura:
O historiador Seymour Slive cita que quando se discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca pintavam seus quadros em exteriores. A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou comum no século XIX. Em épocas anteriores as pinturas de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliers. Principais pintores realistas:
  • Édouard Manet 
  • Gustave Courbet 
  • Honoré Daumier 
  • Jean-Baptiste Camille Corot 
  • Jean-François Millet 
  • Théodore Rousseau 





terça-feira, 18 de março de 2014

Os Maias - Espaço físico, Narrador, Tempo e Intriga

Espaço Físico:
São variados os espaços geográficos e, estão relacionados com o percurso da personagem principal. Assim os espaços privilegiados são Sta Olávia (infância e educação de Carlos), Coimbra (seus estudos, e primeiras aventuras amorosas) e Lisboa, onde irá desenrolar-se toda a acção após a sua formatura e regresso da sua “longa viagem pela Europa”. Sintra e Olivais são espaços também muito referidos, mas onde não se passa qualquer acção de relevo no romance. Os espaços interiores são descritos exatamente de acordo com as personagens. Os espaços interiores mais destacados são O Ramalhete, o quarto da Toca, a Vila Balzac e o consultório de Carlos.

Narrador:
Tipo de narrador (presença): Heterodiegético
De acordo com as características do Realismo/Naturalismo, pois permite uma análise social muito mais objectiva e eficaz, pelo distanciamento que caracteriza este tipo de narrador.


Marcas linguísticas:
  • Formas verbais na terceira pessoa
  • Pronomes e determinantes na terceira pessoa
  • Discurso indireto livre  


Tempo:
Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses e anos vividos pelas personagens, reflectido até acontecimentos cronológicos históricos do país.
Nos "Os Maias", o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos), se destaca relativamente aos outros.
A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente.
Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos.


Intriga:
Eça serve-se da história de uma família para narrar as desventuras de uma sociedade. Assim, o romance acompanha dois níveis de acções distintos, um decorrente do título “Os Maias” , tem por personagem central Carlos e se subdivide numa intriga principal e numa intriga secundária, outro decorrente do subtítulo “Episódios da vida romântica” foca a descrição de eventos recreativos da sociedade portuguesa da Regeneração, constituindo a crónica da costumes.

O nível de acção decorrente do título dá-nos a conhecer a história da família Maia ao longo das gerações de Caetano, Afonso, Pedro e Carlos da Maia. A intriga principal é constituída pelo romance entre Carlos e Maria Eduarda; a intriga secundária dos amores de Pedro e Maria Monforte é necessária para construir a intriga central. A acção das intrigas é fechada porque não há possibilidade de continuação: Pedro suicida-se, Maria Monforte já morreu, Maria Eduarda e Carlos suicidam-se psicologicamente perdendo a capacidade de amar, e Afonso morre. A temática do incesto desencadeia toda a intriga. 

A crónica de costumes engloba os ambiente sociais, os figurantes e seus comportamentos, bem como as relações do protagonista Carlos, quer com o ambiente, quer com as personagens, pelo que os episódios são acções ainda que com duração limitada, é uma acção aberta porque cada episódio pode continuar. É fundamentalmente ao nível da intriga principal que surge a crónica de costumes, pelo que ambas se desenvolvem em paralelo.



Os Maias - Questão Coimbrã

A Questão Coimbrã foi um dos primeiros sinais da renovação literária e Ideológica ocorrida no séc. XIX entre o novo espírito científico europeu e o velho sentimentalismo dos ultra-românticos.
Foi protagonizada por António Feliciano de Castilho, primeiro visconde de Castilho e escritor romântico português do século XIX e por vários estudantes universitários de Coimbra entre os quais: Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro.
A este conjunto de jovens intelectuais escritores que se afirmaram no século XIX, implantando em Portugal novos modelos literários e novas ideias vindas da Europa, deu-se o nome de Geração de 70. Estes Jovens pertencentes à Geração de 70 revoltaram-se contra o atraso cultural do país.




Fonte: http://salaestudo.wordpress.com/2010/03/07/questo-coimbr/

O narrador e os tipos de focalização
Caracterização das personagens

quarta-feira, 12 de março de 2014

Os Maias - Eça de Queirós (BIOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA)

José Maria de Eça de Queirós nasceu em Novembro de 1845, numa casa da praça do Almada na Póvoa de Varzim, no centro da 
cidade; foi baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde. Filho de José Maria Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro em 1820, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1826.
Em meados de 1865 frequenta e conclui o curso e muda-se para Lisboa onde exerce advocacia e jornalismo. Muda-se e vive em Inglaterra onde exerce o cargo de cônsul em Newcastle e Bristol.
Finalmente em 1887 publica o romance que estamos a estudar, "os maias". Em meados de 1895 passa a viver em Paris, onde vem a falecer em 1900.



Cronologia mais detalhada:
  • 1845 Nasce José Maria de Eça de Queiroz, na Póvoa de Varzim. Filho natural do magistrado José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz e D. Carolina Augusta Pereira de Eça, é registado como filho de mãe incógnita. Baptizado em Vila do Conde, viverá até 1855 em Verdemilho, em casa dos avós paternos, apesar de o casamento dos seus pais se ter realizado quatro anos depois do seu nascimento.

  • 1855 É matriculado no Colégio da Lapa, na cidade do Porto, dirigido pelo pai de Ramalho Ortigão. Aí fará a escolaridade obrigatória até ao seu ingresso na Universidade.

  • 1861 Matricula-se no primeiro ano da Faculdade de Direito de Coimbra, onde conheceu Teófilo Braga e Antero de Quental, entre outros.

  • 1866 Envia ao Teatro D. Maria I a tradução de uma peça de José Bouchardy, intitulada Filidor.- Forma-se em Direito e instala-se em Lisboa, em casa dos pais, no Rossio, 26, 4º andar, inscrevendo-se como advogado no Supremo Tribunal de Justiça.

  • 1990 Inicia a publicação de folhetins no jornal Gazeta de Portugal num total de dez artigos que serão reunidos no volume Prosas Bárbaras.

Conhece Jaime Batalha Reis na Redacção da Gazeta de Portugal.

Parte para Évora no final do ano, onde irá fundar e dirigir o jornal da oposição Distrito de Évora.

  • 1867 Inicia a sua actividade como advogado.

Em Julho deixa a direcção do Distrito de Évora, regressa a Lisboa e retoma a sua colaboração na Gazeta de Portugal de Outubro a Dezembro.

No final do ano forma-se o «Cenáculo», contando-se Eça de Queiroz entre os primeiros membros; do «Cenáculo» farão parte Antero de Quental, Salomão Saragga, Jaime Batalha Reis, Augusto Fuschini, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, José Fontana, entre outros.

  • 1869 São publicados no jornal Revolução de Setembro os primeiros versos de Carlos Fradique Mendes, "poeta satânico", criação conjunta de Eça, Antero e Batalha Reis,.

Viagem pela Palestina, Síria e Egipto, onde assiste à inauguração do Canal de Suez em companhia de Luís de Castro, conde de Resende.

  • 1870 Regressado a Lisboa, publica no Diário de Notícias os relatos da viagem ao Médio-oriente com o título «De Port-Said a Suez».

Publicação no mesmo jornal de O Mistério da Estrada de Sintra, em colaboração com Ramalho Ortigão (de Julho a Setembro).

É nomeado Administrador do Concelho de Leiria.

Em Setembro presta provas para cônsul de 1ª classe no Ministério dos Negócios Estrangeiros, ficando classificado em primeiro lugar.

  • 1871 É publicado o primeiro número d'As Farpas dirigido por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão.

Realizam-se as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, não se tendo cumprido a totalidade do programa previsto devido à proibição governamental ter impedido a sua continuação. Eça profere a quarta conferência intitulada «A Nova Literatura ou O Realismo como Expressão de Arte».

  • 1872 É nomeado cônsul de 1ª classe nas Antilhas espanholas. No final do ano será empossado no seu cargo em Havana, aí permanecendo durante dois anos.

  • 1873 Viagem pelo Canadá, Estados Unidos e América Central.

  • 1874 Publicação do conto«Singularidades de Uma Rapariga Loura» noBrinde aos senhores assinantes do "Diário de Notícias" para 1873.

Transferência para o consulado de Newcastle-upon-Tyne.

  • 1875 Publicação na Revista Ocidental, dirigida por Antero de Quental e Jaime Batalha Reis, da primeira versão de O Crime do Padre Amaro.

Conclusão da escrita de O Primo Basilio em Newcastle.

  • 1877 Publicação no jornal portuense A Actualidade das crónicas «Cartas de Inglaterra», mantendo-se a colaboração até 1878.

Inícia a escrita de A Capital!, publicada vinte e cinco anos após a sua morte.

  • 1878 Contactos com o editor Chardron apresentando Cenas da Vida Portuguesa, projecto para 12 volumes de novelas.- Publicação de O Primo Basílio (1.' e 2.' ed.) - Transferência para o consulado de Bristol.

Inicia a sua colaboração com um jornal do Rio de Janeiro, a Gazeta de Notícias, que só terminará em 1897.

  • 1879 Escrita de O conde de Abranhos e de A Catástrofe, publicados em 1925

  • 1880 Segunda edição em livro de O Crime do Padre Amaro.

Publicação da novela O Mandarim em folhentins do Diário de Portugal.

Publicação dos contos «Um Poeta Lírico» e «No Moinho», em O Atlântico.

  • 1883 É eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências.

Reescreve O Mistério da Estrada de Sintra.

  • 1884 Visita a Costa Nova na companhia da condessa de Resende e das suas filhas Emília e Benedita.

Publicação na Revue universelle internationale da tradução francesa deO Mandarim, com um prefácio de Eça, escrito em francês.

Segunda edição de O Mistério da Estrada de Sintra.

  • 1885 Visita Zola em Paris.

A sua legitimação é tornada oficial pelos pais.

  • 1886 Casamento com Emília de Castro Pamplona (Resende), no oratório particular da Quinta de Santo Ovídio no Porto.

Prefacia os livros Azulejos do conde de Arnoso e O Brasileiro Soares de Luís de Magalhães.

  • 1887 Concorre com A Relíquia ao Prémio D. Luís da Academia Real das Ciências, perdendo a favor de Henrique Lopes de Mendonça com a obra O Duque de Viseu.

Publicação de A Relíquia.

Data provável de escrita de Alves & C.ª.

  • 1888 Nomeado cônsul em Paris.

Polémica com Pinheiro Chagas a propósito da atribuição do Prémio D. Luís.

Publicação de Os Maias.

Publicação no jornal portuense O Repórter, dirigido por Oliveira Martins, de algumas «Cartas de Fradique Mendes».

Forma-se em Lisboa o grupo d'Os Vencidos da Vida.

  • 1889 Prefacia o livro de poemas Aguarelas de João Dinis.

Sai o primeiro número da Revista de Portugal, de que é director.

  • 1990 Publicação do primeiro volume de Uma Campanha Alegre, reunindo a colaboração de Eça n'As Farpas.


  • 1891 Traduz As Minas de Salomão, de Henry Rider Haggard.

  • 1892 Publicação do conto «Civilização», na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro.

  • 1893 Publica na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro a Crónica «Tema para Versos», que inclui o conto «A Aia».

  • 1894 Inicia a escrita de A Ilustre Casa de Ramires.

Publicação de «As histórias: O Tesouro» e «As histórias: frei Genebro», na Gazeta de Notícias.

  • 1895 Organiza, em colaboração com José Sarmento e Henrique Marques, o Almanaque Enciclopédico para 1896 .

Publicação de «O Defunto» na Gazeta de Notícias.

  • 1896 Organiza, com os mesmos colaboradores, o Almanaque Enciclopédico para 1897.

Publicação de Antero de Quental - In Memoriam em que Eça colabora com o texto «Um génio que era um santo».

  • 1897 Começa a publicação em Paris da Revista Moderna. Nos dois primeiros números publica os contos «A Perfeição» e «José Matias».

A Ilustre Casa de Ramires começa a ser publicado na mesma Revista, no número de Novembro, dedicado a Eça de Queiroz.

  • 1898 Publicação na Revista Moderna do conto «O Suave Milagre».

  • 1899 Prepara, em simultâneo, a publicação de três romances: A correspondência de Fradique Mendes, A Cidade e as Serras e A Ilustre Casa de Ramires.

  • 1900 Morte após prolongada doença a 16 de Agosto, em Neully. Em Setembro, o corpo é trasladado para Portugal, realizando-se os funerais para o cemitério do Alto de S. João em Lisboa.

Publicação, em volume, já depois da sua morte, de A Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.









Os Maias - Textos narrativos / descritivos

Texto narrativo > Contar, relatar

Características:


  • PERSONAGENS (figuras humanas fictícias criadas por um autor)


  • AÇÃO (sucessão de acontecimentos: situação inicial, complicação, clímax, desfecho)


  • PROGRESSÃO TEMPORAL (há anterioridade e posterioridade)


  • LUGAR (situação, contexto em que ocorrem as ações)


Texto descritivo > Caracterizar, adjetivar

Características:


  • Não há personagens


  • Não há progressão temporal 


  • Não há ação; predominam os VERBOS DE ESTADO (no presente ou no imperfeito do indicativo)


  •  Predomina a presença de ADJETIVOS e ADVÉRBIOS DE MODO

Os Maias

Os Maias é uma das obras mais conhecidas do escritor português Eça de Queiroz que foi publicada no Porto em 1888.
A obra retrata a história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última com a história de amor incestuoso entre Carlos da Maia e Maria Eduarda.


O titulo "Os Maias" deve-se ao facto da obra retratar a história de três gerações da família Maia, o subtitulo denomina-se por "Episódios da Vida Romântica" pois o narrador faz uma critica a vários aspectos da sociedade portuguesa.



Obra "Os Maias"