Frei Luís de Sousa é uma tragédia porque:
• as personagens desafiam o destino (hybris): Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho sem ter a certeza de que o primeiro marido está morto e Manuel incendeia o seu palácio para não receber os governantes castelhanos;• o sofrimento e a aflição das personagens vai-se acentuando, à medida que a ação progride (clímax e pathos) e atinge também os “inocentes” (Maria, a filha);
• há uma mudança repentina na ação (peripateia –“peripécia”), desencadeada por alguém que vem de fora, sucedendo o “reconhecimento” (anagnorise): o Romeiro é identificado como D. João de Portugal, o primeiro marido de D. Madalena;
• a partir deste momento, é impossível evitar a “catástrofe”(katastrophé): as consequências terríveis que atingem todos os que estão próximos de quem desafiou o Destino;
• Maria morre e os pais “morrem para o mundo”, vão para o convento;
• a catharsis (purificação) é feita pelo despertar no público de dois sentimentos: o terror e a piedade( referidos por Almeida Garrett na Memória ao Conservatório Real);
• Telmo e Frei Jorge têm um papel semelhante ao do Coro das tragédias gregas, tentando confortar as personagens.
Frei Luís de Sousa é um drama romântico porque:
• a ação decorre numa época histórica de resistência, de afirmação e defesa do nacionalismo (século XVII, perda da independência, ocupação castelhana);• remete para a crença no mito do Sebastianismo: D. Sebastião tinha “desaparecido” em Alcácer- Quibir e o seu regresso era a esperança que restava para a recuperação da independência de Portugal;
• referências várias a Camões, poeta de expressão do patriotismo;
• afirmação constante do nacionalismo, com a rejeição da presença dos castelhanos em terri-tório português;
• crença no regresso do morto-vivo, “personagem” de inspiração medieval ( D. João de Portugal);
• expressão hiperbólica de sentimentos, de estados de alma, frequentemente contraditórios e caóticos;
• crença em agoiros, superstições, simbologia premonitória dos sonhos (Madalena, Maria e Telmo);
• o cristianismo: Madalena e Manuel encontram o conforto na crença em Deus e na ida para o convento, em vez da morte violenta das tragédias;
• uso da prosa ( e não o verso, como era habitual na tragédia);
• divisão em três Atos ( e não os cinco da tragédia);
• não existe unidade de tempo nem de espaço: a ação não decorre em 24 horas nem no mesmo lugar;
• linguagem que exprime os estados de espírito das personagens: apóstrofes, frases exclamativas e interrogativas, frases inacabadas (com reticências), hipérboles...
Fonte: http://auladeliteraturaportuguesa.blogspot.pt/
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